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História do UFC

O Ultimate Fighting Championship foi uma invenção de Rorion Gracie, especialista no jiu-jitsu brasileiro, e de Arthur Davie, publicitário. Gracie queria promover a escola de artes marciais de sua família, centrada em técnicas voltadas para lutas verdadeiras e que descartava as mais indicadas para exibições ou demonstrações de estilo. Antes de se dedicar ao UFC, a família Gracie se tornou legendária por "O Desafio de Gracie", um convite aberto aos especialistas de qualquer técnica de luta para enfrentarem, numa luta real, um membro da família Gracie ou um dos estudantes de seus cursos.


Davie lançou a idéia de um torneio de artes marciais no grupo de entretenimento Semaphore (Semaphore Entertainment Group - SEG). Nesse torneio, especialistas em diferentes disciplinas das artes marciais se enfrentariam mutuamente para determinar qual o melhor estilo de luta. Segundo relatos, foi um dos empregados da SEG, chamado Michael Abramson, que usou pela primeira vez a expressão "O Campeonato de Vale-Tudo (The Ultimate Fighting Championship)". Em 12 de novembro de 1993, o SEG estreou o primeiro evento de UFC. Mais tarde, o evento seria conhecido como UFC 1.



O evento era organizado como um torneio (a maioria dos primeiros eventos de UFC seguiam esse padrão). O vencedor de uma luta era deslocado pela regra do torneio para enfrentar outro competidor. Davie designou alguns lutadores como alternativas, caso alguém ficasse incapacitado de continuar. O torneio apresentava mestres em caratê, boxe tailandês (kickboxing), boxe, jiu-jitsu e até mesmo em luta-livre de sumô. Royce Gracie, o irmão mais novo de Rorion, acabou vencendo o torneio depois que prendeu Gerard Gordeau com um mata-leão no embate final.



O evento foi um sucesso e o SEG imediatamente planejou novos torneios. O SEG resolveu conservar o nome Ultimate Fighting Championship e designou quase todos os eventos futuros seqüencialmente (UFC 2, UFC 3, etc).

No início, os eventos do UFC eram muito diferentes dos de hoje. Não existia a classificação por peso - o menor lutador poderia enfrentar um lutador de sumô. As classes de peso seriam definidas para o torneio UFC 12 (embora tenham sido refinadas diversas vezes). Os lutadores podiam usar vestimentas típicas para seus estilos de luta. No início, o UFC tentou estabelecer experimentalmente quantos rounds poderiam ser travados. Nos primeiros anos alguns eventos não tinham limite para o número de rounds de cada luta, desejava-se que a luta prosseguisse até que um nítido vencedor se sobressaísse.



O confronto entre estilos enfraqueceu gradualmente. A maioria das lutas terminava no chão e muitas disciplinas apresentadas nos primeiros eventos de UFC não tinham foco nem treinavam a luta no solo. Royce Gracie venceu três dos quatro primeiros torneios, provando que a luta no solo era necessária para que se obtivesse sucesso. Os lutadores começaram a se adaptar, a expandir os respectivos repertórios de estilos e a incluir elementos da luta livre e de sujeições. Os eventos tinham poucos faixa-preta de artes marciais. O UFC logo descobriu que a faixa preta não significava necessariamente que seu usuário fosse bom lutador.



No começo, o UFC tinha eventos nos estados americanos que não possuíam comissões atléticas, tendo em vista evitar as regulamentações. Também não havia juízes. Mesmo depois da chegada dos juízes aos eventos, continuava a falta de parâmetros claros para julgamento de uma luta. Os juízes não podiam parar a luta, deveriam apenas se assegurar de que as poucas regras existentes fossem seguidas e testemunhar as desistências. Felizmente, o UFC deu autoridade aos juízes para interromper as lutas depois dos primeiros eventos.



Exceto pelo UFC 9, que apresentou uma série de lutas isoladas, todos os eventos do UFC desenvolviam-se como torneios até o UFC 18. Desse momento em diante, com exceção do UFC 23, todos os eventos passaram a apresentar lutas isoladas, os lutadores não precisavam mais se preocupar com várias lutas em uma mesma noite.



De acordo com Dana White, a evolução do UFC foi aleatória, pois nunca foi intencional. "Aquele espetáculo, o primeiro Ultimate Fighting Championship, deveria ter sido o único. Entretanto, foi tão compensador no pay-per-view que decidiram fazer outro, e depois mais outro. Nunca, nem em um milhão de anos, pensavam estar criando um esporte".



Gradualmente, o UFC introduziu mais regras e restrições, tanto para apaziguar os críticos como para modelar as artes marciais mistas ao formato de legítimo esporte. Infelizmente, nessa época, o SEG estava passando por dificuldades financeiras. Do UFC 23 ao UFC 29 o SEG ficou ameaçado de falência. Como resultado, o SEG não pôde mais arcar com o lançamento dos eventos em vídeos caseiros.



Controvérsias nos tribunais

O SEG fazia a promoção dos primeiros eventos do UFC como lutas brutais entre experts em artes marciais. Alegavam que as lutas não tinham restrições e que todas as lutas terminavam com um ineqüívoco vencedor. No final, diziam, o estilo superior das artes marciais acabaria por emergir. De tanto alardearem as lutas como brutais exibições de força, atraíram o olhar dos críticos.



Um desses críticos foi o senador dos Estados Unidos, John McCain. McCain era um fã do boxe e achava que as lutas de UFC eram parecidas com "brigas de galo humanas". Dentro desse ponto de vista, defendia que os eventos de UFC fossem banidos pelas prefeituras e governadores de Estado. Diversas lutas programadas tiveram seus calendários alterados no último momento, quando os estádios diziam que a permissão para o evento de UFC havia sido revogada.



Durante muito tempo o UFC resistiu em tomar providências para fazer parcerias com as comissões atléticas estaduais. Em vez disso, o SEG continuou a promover o MMA como esporte primitivo, o que só contribuía para aumentar o problema. Algumas emissoras de televisão a cabo se recusavam a transmitir os pay-per-views de UFC. As opções do SEG se tornavam mais e mais limitadas. Era tarde demais para o SEG se restabelecer quando o UFC resolveu adotar as regras impostas pela junta diretiva de atletismo de New Jersey.

No ano 2000, o SEG promoveu o UFC 29: Defesa dos Cinturões. Seria o último evento de UFC que o SEG produziria. A companhia enfrentava a falência e as pressões políticas tinham incapacitado sua habilidade para reservar espaços e promover espetáculos. Dois irmãos, Frank Fertitta III e Lorenzo Fertitta, formaram a Zuffa, LLC (zuffa quer dizer "lutar" ou "brigar" em italiano) e compraram o UFC. O ex-lutador de boxe amador e promotor de lutas, Dana White, tornou-se o presidente da nova organização.


Lorenzo Fertitta tinha sido membro da comissão atlética do Estado de Nevada e pouco depois a comissão supervisionava os eventos de UFC. Tal fato deu ao UFC a credibilidade necessária e logo as televisões a cabo começaram a veicular seus eventos no pay-per-view novamente.


Danos corporais no UFC

Ainda que exista a percepção de que o UFC é um esporte brutal, os danos corporais são relativamente de pouca importância e raros. "Nunca tivemos um machucado sério", disse Dana White, "e chamo de machucado sério algo capaz de mudar sua qualidade de vida. Temos tido cortes e mãos quebradas. Acho que o machucado mais grave que tivemos foi um antebraço quebrado". A maioria dos machucados ocorre durante os treinos, não no octógono. Alguns lutadores treinam de seis a oito horas por dia e durante várias semanas preparando-se para uma luta.

Foi em 2001 que aconteceu o primeiro evento de UFC promovido pela Zuffa; o UFC 30: a batalha de Boardwalk. O UFC 30 não apenas reviveu o retorno da ampla cobertura de um pay-per-view maior, como também a volta da produção dos vídeos caseiros. Desde o evento, Dana White se concentrou em aumentar a popularidade do UFC e de camuflar sua imagem historicamente brutal. O Sr. White mostra que, "No final das contas, esses rapazes não são tão aterrorizantes como pareciam ser antes. Todos são ótimas pessoas. Vêm aqui para competir, para descobrir quem é o melhor lutador do mundo".



O Ultimate Fighter & a Spike TV

Em 2005, a Spike TV lançou a primeira temporada de um reality show chamado "O Ultimate Fighter". O espetáculo acompanhava um grupo de aspirantes ao UFC que competiam por um contrato com a organização. Os lutadores se dividiam por diferentes campos de treinamento e, no final de cada episódio, o membro de um dos times lutava com um de outro time. O vencedor permaneceria na competição e o perdedor voltaria para casa. O espetáculo marcava os primeiros espectadores e permitia que assistissem à uma luta de UFC sem pagar o pay-per view e, ao mesmo tempo, instruía os espectadores sobre o UFC. "O Ultimate Fighter" atualmente está programado para pelo menos duas sessões.


Como se tornar um lutador de UFC

O UFC exige que os lutadores tenham muito treinamento e experiência antes de contratá-los. O lutador interessado em se tornar lutador de UFC pode enviar um vídeo de suas lutas. O UFC procura lutadores que estejam em boa forma e que tenham batido em alguém que seja reconhecido como bom combatente. Os lutadores podem ser contratados por um determinado número de anos ou para um número específico de lutas.

Em março de 2007, os irmãos Fertitta anunciaram que haviam comprado o campeonato de lutas Pride, organização competitiva de artes marciais mistas no Japão. Os fãs de artes marciais mistas sonham com lutas entre os melhores lutadores de Pride e os melhores do UFC. De acordo com Dana White, isto pode agora se tornar realidade. Ainda que os planos sejam prematuros, os fãs das lutas brevemente descobrirão qual o melhor lutador em cada classe de peso.


Apesar da sede do UFC estar em Nevada, a companhia recentemente começou uma campanha para fazer lutas em outros Estados, bem como internacionalmente. Os eventos de UFC já podem ser vistos pela televisão em 170 países. A meta de Dana White é levar eventos ao vivo para esses países, enraizando a base de fãs e incentivando a propaganda boca a boca do esporte. Ele diz que "Quando se lança um evento que atrai de 15.000 a 20.000 pessoas em uma localidade, quem assiste vai trabalhar no dia seguinte, conta para os parentes, e divulga para os amigos. A notícia se espalha e a coisa do boca a boca acontece, sendo esta uma das condições para que o negócio cresça e se torne global". Os eventos de UFC estão planejados para a Europa, Japão, Canadá e México.



Hoje os fãs podem ver as lutas do UFC no pay-per-view (cerca de uma vez por mês) no "The Ultimate Fighter" e nos eventos especiais "Fight Night" da Spike TV, em DVD e nos eventos ao vivo.


A melhor luta?

Quando indagado sobre sua luta favorita, Dana White fala sobre a segunda luta entre Matt Hughes (campeão de pesos meio-médios na época) e Frank Trigg, na UFC 52. Dois anos antes, na sua primeira luta, Matt Hughes derrotou Trigg no primeiro round com um mata-leão. Quando eles se encontraram para uma revanche, parecia que Trigg iria se desforrar da perda. Logo no início da luta, Trigg chutou Hughes na virilha. O juiz não viu a falta e a luta continuou. Enquanto Hughes tentava se recuperar, Trigg se aproveitou da situação e atacou mais forte.



Conforme a descrição de Mr. White, "Frank Trigg ficou em cima dele e disparou socos para baixo atingindo Hughes. Parecia que a luta havia terminado, que Hughes tinha ido a nocaute. Hughes tentou se virar, mas Frank Trigg agarrou suas costas e começou a estrangulá-lo da mesma forma que Matt o tinha estrangulado na primeira luta. Inacreditavelmente, Matt Hughes escapou do estrangulamento, agarrou Frank Trigg pelo ombro, correu com ele por todo o octógono e o derrubou com força no chão. Não estou brincando, o teto do edifício explodiu com a torcida".

Apenas a quatro minutos e cinco segundos do primeiro round, Hughes conseguiu apanhar Trigg em um mata-leão e sujeitá-lo, conseguindo a vitória e conservando o título.

Fonte: HowStuffWorks